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Itabira, 30 de abril de 2025

Fisichella: pessoas com deficiência, testemunhas do verdadeiro amor cristão

30/04/2025 . Notícias da Igreja

A oração e histórias de pais e jovens que vivem experiências de acompanhamento e enriquecimento com pessoas com deficiência. Estes são os momentos que marcaram a catequese na Praça de São Pedro, conduzida pelo arcebispo italiano: “Vocês estiveram por muito tempo na sombra, é hora de reavivar a esperança.”

Guarda-chuvas abertos e muitos chapéus para se protegerem do sol da primavera, suéteres coloridos para identificar o grupo ao qual pertencem. Este é o cenário da Praça de São Pedro, onde centenas de pessoas com deficiência, acompanhadas por suas famílias e cuidadores, participam do Jubileu e da catequese do arcebispo Rino Fisichella, ex-pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização. É a saudação na Língua dos Sinais que abre este momento de oração e reflexão do qual participam pessoas de 95 países, como Japão, Bolívia, Estados Unidos e muitos outros. “O mundo inteiro – diz o arcebispo – está aqui na Praça de São Pedro hoje”.

A esperança, uma chama a ser reavivada

É o Jubileu das pessoas com deficiência, é o Jubileu da esperança, aquela esperança, diz Fisichella, que acompanha a todos rumo ao despertar, que não percebemos, mas que guia toda a nossa vida. Uma chama a ser reavivada, que alimenta a mente e o coração.

A esperança verdadeira e não vinculada a coisas efêmeras, recorda o prelado, tem o rosto de Jesus de Nazaré, por isso o convite é a caminhar com Ele, deixando-se guiar pela Sua Palavra, a testemunhar com gestos e escolhas de vida, porque Ele é a esperança para todos, ninguém excluído.

Jubileu das Pessoas com Deficiência
Jubileu das Pessoas com Deficiência (Vatican Media)
A fragilidade, um instrumento para amar mais

“Vocês estão no coração da Igreja”, diz dom Fisichella, referindo-se às pessoas mais vulneráveis, frágeis e fracas, que muitas vezes não recebem a atenção que merecem. “Na fraqueza – explica – devemos encontrar a nossa vocação na Igreja; a fraqueza é um instrumento para amar ainda mais. Façam da deficiência a força do amor que se doa a todos; ninguém mais do que vocês pode dar testemunho do amor cristão.”

Criativos e alegres

O convite do arcebispo é para não desviar o olhar: “Por muito tempo vocês estiveram na sombra, este é o momento de reavivar a esperança”, porque aqueles que experimentam a fraqueza são testemunhas do amor de Cristo.

O prelado conta então a história de uma criança nascida em uma família nobre em 1013 na Suábia. Uma criança com deficiência, deformada, que foi confiada a uma comunidade de monges. O menino chamava-se Erman, não falava nem escrevia, mas os frades o acolheram com carinho mesmo assim. Aprendeu latim, grego, matemática, música e até árabe, e depois morreu de pleurisia.

“Sabem por que lhe contei esta história?”, pergunta Fisichella. “Porque Erman escreveu o Salve Rainha”, uma oração de fé nascida de um menino com deficiência que “experimentou o que era a verdadeira esperança, a verdadeira fé e o amor por Maria, mãe da misericórdia”.

Por isso, conclui Fisichella, nunca se deve dar por vencidos, “tornem-se mais criativos, alegres, capazes de comunicar a esperança que está dentro de vocês”.

Por fim, o canto coral, precisamente em homenagem a Erman, do Salve Regina em todas as línguas das pessoas presentes na Praça.

Testemunhas de cuidado e amor

Após o momento de oração, o espaço para alguns testemunhos. De Kerala, na Índia, por meio de um vídeo, dom Mar José Pulickal, bispo da Eparquia de Kanjirapally, relata a experiência da “Aldeia dos Anjos”, uma iniciativa que oferece oportunidades de educação, formação e reabilitação a mais de duzentas crianças com deficiência mental.

Alessio Carparelli e Barbara Racca, pais de duas crianças de 22 e 15 anos, ambas com autismo, relembram o sofrimento que vivenciaram ao descobrir a deficiência dos filhos.

“Isso destruiu nosso projeto familiar – diz Alessio – pedimos ajuda, aprendemos a redesenhar nossas vidas, a viver novamente e não sobreviver mais”.

Barbara expressa sua esperança: que todos possam olhar para o outro sem pressa, oferecendo um sorriso: “não tenhamos sempre pressa no dia a dia e no trabalho, paremos sempre”.

Annamaria, Mario, Raffaele e Lavinia contam suas histórias, todos vindos da Paróquia dos Santos Mártires de Uganda. Annamaria tem 20 anos, estuda na universidade e conta que perdeu sua irmã Eliana, com deficiência, há alguns anos. Ela é sincera, determinada, faz questão de dizer que está ali diante de São Pedro como catequista e não como familiar de uma pessoa com deficiência. Ela tem claro em sua mente que a inclusão de um adulto é frequentemente caracterizada por piedade ou assistência; a de uma criança é aceitação, amizade e também amor. Ela, portanto, nos convida a deixar as crianças crescerem juntas, com deficiência ou não, porque somente crescendo juntos podemos mudar nossa perspectiva.

A experiência de Raffo também é tocante: ele não fala, mas tem a voz de Lavinia. Ele tem 13 anos e, em seu testemunho, diz que parece estranho, mas ele entende, observa, compreende. Ele fala da beleza de sua paróquia, do Papa Francisco e dos sapatos pretos que usou até o fim, um sinal de sua dedicação ao próximo. “Eu também, como ele – escreve – gostaria de usar meus sapatos para ajudar os outros”.

Benedetta Capelli – Cidade do Vaticano