Queridos irmãos e irmãs, saúde e paz.
Estamos no penúltimo mês do ano civil e no último do ano litúrgico A. O coroamento deste ano litúrgico será com a festa de Cristo, Rei do Universo, solenidade a ser celebrada no dia 26 de novembro. Com o Tempo do Advento, que terá início no dia 03 de dezembro, iniciaremos, na Igreja, um novo ano litúrgico, o ano B.
Celebraremos no dia 19 de novembro, 33° Domingo do Tempo Comum, a convite do Papa Francisco e em comunhão com toda a Igreja o 7° Dia Mundial dos Pobres. “Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” é o tema deste ano, extraído do Capítulo 4, 7 do Livro de Tobias. O Papa Francisco nos recorda, em sua mensagem, que “O Dia Mundial dos Pobres, sinal fecundo da misericórdia do Pai, é uma ocorrência que se está arraigando progressivamente na pastoral da Igreja, fazendo-a descobrir cada vez mais o conteúdo central do Evangelho”. Ainda segundo o Papa, “esta recomendação nos ajuda a compreender a essência do nosso testemunho”.
O Papa nos diz que vivemos um momento histórico que não favorece a atenção aos mais pobres. O volume sonoro do apelo ao bem-estar é cada vez mais alto, enquanto se põe o silenciador relativamente às vozes de quem vive na pobreza. Tende-se a ignorar tudo o que não se enquadre nos modelos de vida pensados, sobretudo, para as gerações mais jovens, que são as mais frágeis perante a mudança cultural em andamento. Coloca-se entre parênteses aquilo que é desagradável e causa sofrimento, enquanto se exaltam as qualidades físicas como se fossem a meta principal a se alcançar. “Os pobres tornam-se imagens que até podem comover por alguns momentos, mas quando os encontramos em carne e osso pela estrada, sobrevêm o incômodo e a marginalização. A pressa, companheira diária da vida, impede de parar, socorrer e cuidar do outro”, destaca Francisco.
O Pontífice recorda que “há tantos homens e mulheres que vivem a dedicação aos pobres e excluídos e a partilha com eles; pessoas de todas as idades e condições sociais que praticam a hospitalidade e se empenham junto daqueles que se encontram em situações de marginalização e sofrimento. Não são super-homens, mas ‘vizinhos de casa’ que encontramos cada dia e que, no silêncio, se fazem pobres com os pobres. Não se limitam a dar qualquer coisa: escutam, dialogam, procuram compreender a situação e as suas causas, para dar conselhos adequados e indicações justas. Estão atentos tanto à necessidade material como à espiritual, ou seja, à promoção integral da pessoa. O Reino de Deus torna-se presente e visível neste serviço generoso e gratuito; é realmente como a semente que caiu na boa terra da vida destas pessoas, e dá fruto. A gratidão a tantos voluntários deve fazer-se oração para que o seu testemunho possa ser fecundo”.
O Papa ressalta ainda a necessidade “de um sério e eficaz compromisso político e legislativo”. Segundo ele, “não obstante os limites e por vezes as lacunas da política para ver e servir o bem comum, possa desenvolver-se a solidariedade e a subsidiariedade de muitos cidadãos que acreditam no valor do compromisso voluntário de dedicação aos pobres. Isto, naturalmente sem deixar de estimular e fazer pressão para que as instituições públicas cumpram do melhor modo possível o seu dever. Mas não adianta ficar passivamente à espera de receber tudo do alto. Quem vive em condição de pobreza, seja também envolvido e apoiado num processo de mudança e responsabilização”.
Em sua mensagem para o 7º Dia Mundial dos Pobres, o Papa ainda recorda as novas formas de pobreza, pensando em particular “nas populações que vivem em cenários de guerra, especialmente nas crianças privadas de um presente sereno e de um futuro digno. Ninguém poderá jamais habituar-se a esta situação; mantenhamos viva toda a tentativa para que a paz se afirme como dom do Senhor Ressuscitado e fruto do compromisso com a justiça e o diálogo”.
O Pontífice lembra “as especulações, em vários setores, que levam a um aumento dramático dos preços, deixando muitas famílias numa indigência ainda maior, o tratamento desumano reservado a muitos trabalhadores e trabalhadoras, a remuneração não equivalente ao trabalho realizado, o flagelo da precariedade, as demasiadas vítimas de acidentes, devidos muitas vezes à mentalidade que privilegia o lucro imediato em detrimento da segurança”. Cita também “uma forma de mal-estar que aparece cada dia mais evidente e que atinge o mundo juvenil. Quantas vidas frustradas e até suicídios de jovens, iludidos por uma cultura que os leva a sentirem-se ‘inacabados’ e ‘falidos’”. Segundo o Papa, “é fácil cair na retórica, quando se fala dos pobres. Tentação insidiosa é também parar nas estatísticas e nos números”. “Os pobres são pessoas, têm rosto, uma história, coração e alma. São irmãos e irmãs com os seus valores e defeitos, como todos, e é importante estabelecer uma relação pessoal com cada um deles.” Interessar-se pelos pobres não se esgota em esmolas apressadas; pede para restabelecer as justas relações interpessoais que foram afetadas pela pobreza. Assim, não afastar o olhar do pobre, leva a obter os benefícios da misericórdia, da caridade que dá sentido e valor a toda a vida cristã, conclui Francisco.
Que nesse mês nos preparemos bem para bem celebrarmos o Dia Mundial do Pobre, oportunidade de reconhecermos nos mais fragilizados e vulneráveis da sociedade, o nosso irmão, a nossa irmã, e nos dispormos a servirmos a Cristo nos que mais carecem de atenção e cuidado.
Ao iniciarmos um novo ano litúrgico, no próximo dia 03 de dezembro com o Tempo do Advento, possamos através deste caminho que a Igreja nos oferece, nos preparar bem para o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Que seu nascimento nos renove e nos torne repletos de esperança e de paz. Não deixem de organizar, com antecedência, para rezar em vossos lares e comunidades a novena de Natal. Prepare a sua casa, quando possível. Monte o presépio. E o mais importante: faça de seu coração a manjedoura acolhedora do Salvador.
Que Nossa Senhora das Graças, cuja festa celebraremos neste mês, a Rainha do céu e da Igreja,
abundantes graças do céu e nos cubra com sua ternura.
Itabira, 10 de novembro de 2023.
Pe. Ueliton Neves da Silva
Pároco