Queridos irmãs, queridas irmãs, alegria e paz.
Deus nos dá a graça de vivenciarmos um novo mês e de darmos continuidade a nossa caminhada pastoral e missionária em nossa comunidade paroquial.
No próximo dia 22, Quarta-feira de Cinzas, iniciaremos o Tempo da Quaresma e entregando-nos à oração, ao jejum e à caridade, possamos nos dispor à plena celebração do mistério pascal. Nesse dia procede-se a abertura nacional da campanha da Fraternidade. Em nossa Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano, a abertura, como de costume, acontecerá, em cada uma das três regiões pastorais, no primeiro domingo da Quaresma.
Este tempo sagrado é marcado por alguns sinais especiais nas celebrações da Igreja: A cor litúrgica roxa – sinal de sobriedade, penitência e conversão; não se canta o Hino do Glória nas missas (exceto nas solenidades e festas, quando houver); não se canta o Aleluia que, sinal de alegria e júbilo, somente será cantado outra vez na Páscoa da Ressurreição; os cantos da Missa devem ter uma melodia simples e os instrumentos musicais sejam sóbrios, expressando exatamente o que se celebra neste tempo litúrgico; não se usa flores nas igrejas, em sinal de despojamento e penitência e as imagens sejam cobertas com tecido roxo, na semana das dores.
O importante é que todas estas práticas nos levem a uma preparação séria e empenhada para o essencial: a Páscoa! A observância das práticas quaresmais não podem ser simplesmente gestos externos, mas instrumentos para nos fazer crescer no processo de conversão que nos leva ao conhecimento espiritual e ao amor de Cristo.
Durante os quarenta dias, o Senhor nos chama a sair de nossas trevas e a encaminharmo-nos rumo a Ele, que é a luz. Quaresma é período de penitência destinado a nos renovarmos em Cristo, a renascermos do alto, do amor de Deus. E é por isso que a Quaresma é, por natureza, tempo de esperança. Neste sentido, é preciso olhar para a experiência do Êxodo do povo de Israel, que Deus libertou da escravidão do Egito por meio de Moisés, e o guiou durante quarenta anos no deserto até entrar na terra prometida, Canaã. Jesus nos indica o caminho da nossa peregrinação pelo deserto da vida, um caminho exigente, mas cheio de esperança. O êxodo quaresmal é o caminho no qual a própria esperança se forma e se fortalece.
A palavra de Deus exorta-nos a nos convertermos e a crermos no Evangelho, e a Igreja indica-nos na oração, na esmola e no jejum, assim como na generosa ajuda aos irmãos, os meios, através dos quais podemos entrar no clima da autêntica renovação interior e comunitária.
A Quaresma é um novo começo, uma estrada que leva a um destino seguro: a Páscoa da Ressurreição, a vitória de Cristo sobre a morte. E este tempo não cessa de nos dirigir um forte convite à conversão: o cristão é chamado a voltar para Deus “de todo o coração” (Jl 2,12), não se contentando com uma vida medíocre, mas crescendo na amizade com o Senhor.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove este ano, durante a Quaresma, a Campanha da Fraternidade, cuja finalidade principal é vivenciar e assumir a dimensão comunitária e social da Quaresma. Ela, a Campanha da Fraternidade, ilumina de modo particular os gestos fundamentais desse tempo litúrgico: a oração, a esmola e o jejum. Com o tema “Fraternidade e Fome” e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16), a Campanha da Fraternidade é um modo privilegiado pelo qual a Igreja vivencia a Quaresma.
Pela terceira vez a fome é tratada pela Igreja no Brasil, na Campanha da Fraternidade. A primeira foi em 1975, com o tema “Fraternidade é reparti” e o lema “Repartir o pão”, no clima do Ano Eucarístico que precedeu o Congresso Eucarístico Nacional de Manaus, que trazia o mesmo tema e lema e desejava intensificar a vivência da Eucaristia em nosso povo. A segunda foi em 1985 e agora em 2023. A fome é um instinto natural de sobrevivência presente em todos os seres vivos. Contudo, na sociedade humana, a fome é uma tragédia, um escândalo, é a negação da própria existência e é uma realidade que infelizmente tem se tornado cada vez mais presente em nossa sociedade. Isto acontece por falta de políticas públicas e de uma justa distribuição dos recursos. A Igreja nos ensina que, onde as mãos se unem e repartem o pão, dão vida a solidariedade guiada pela fé, ninguém sofre com a fome. Eis o convite: ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’ (Mt 14,16)”. Estendamos nossas mãos aos que sofrem e sejamos uma Igreja samaritana.
Uma abençoada e frutuosa Quaresma a todos nós.
Itabira, 01 de fevereiro de 2023
Pe. Ueliton Neves da Silva
Pároco